27 fevereiro 2012

A carolina ontem disse-me como lhe custava ser assim... Ser como a Blimunda do José Saramago. Olhar as pessoas e vê-las por dentro.
não evito o coração aos sobressaltos, a paixão avassaladora pelos pequenos pormenores, os silêncios de ouro e as esperas intermináveis.
passar a tarde numa esplanada deve ser das coisas melhores que há. principalmente quando há tanto para fazer e ter o prazer de deixar tudo para trás...

21 fevereiro 2012

desculpa meu amor, tenho um avião para apanhar

19 fevereiro 2012

gosto muito de me passear quando estou triste. tomar aquele ar gelado de inverno no rosto. doer-me e sentir que de facto, mereço.
uma leveza que eu não entendo. porque afinal não há nenhuma razão para estar satisfeita. às vezes eu preciso dizer-te que eu existo e que estou a beber um whisky na rua ao lado. vi um amigo teu num bar e tive a certeza que também lá estavas. depois lembrei-me que, de facto, a minha memória visual é muito boa.
perder tempo contigo não foi perder tempo - foi conhecer-me melhor. Imaginar que um dia poderemos estar na mesma cama dois dias seguidos já é utupia.
Hoje estou demasiado feliz para tomar café, ou até para escrever. Todos os dias deviam começar assim.

17 fevereiro 2012

amanhã é fim de semana e eu vou tomar uma bebida bem forte e brindar ao sucesso. vou apertar as mãos das minhas amigas e dizer-lhes que sem elas era mais difícil, vou entreter-me do emaranhado de sonhos que custam a concretizar.
Um som de Yann Tiersen e tudo fica mais claro. As coisas não são como eu pensava que iam ser. Mudei um mundo por um homem, e fui feliz apenas por um momento. Mas um momento só não me chega. Uma vez não chega.
eu tenho muito medo de ser feliz. parece estranho, não é meu bem? pois eu explico-te que ser feliz tem minutos contados, e o meu medo centra-se naquele instante em que escorregamos para o abismo.
Colírio nos olhos, um beijo na boca e poderiamos ser felizes o resto da vida.

16 fevereiro 2012

ele desejou-lhe feliz dia dos namorados, e ela insistiu em frizar que não namoravam. onde estava com a cabeça?
o meu vizinho tem uma bateria e obriga-me a acordar à mesma hora que ele. há um manto branco que cobre a minha rua, uma névoa terrorífica que afugenta o sol. tenho demasiadas coisas para fazer e falta-me a coragem para começar a completar essa saga de obrigações. queria apenas uma refeição de sushi ou comida mexicana, só para variar um pouco.
Qualquer coisa na maneira como a expressão dos olhos, boca, sobrancelhas, conjugadas parecem uma orquestra. E a maneira como às vezes me apetece ler e fantasio no passeio pelo teu quarto, à procura de um livro de que já te esqueceste e tens perdido numa prateleira, no meio de três revistas casuais que leste, de facto. E a forma como sempre entro no teu carro, digo 'Olá' sem prestar atenção e sigo o resto do caminho calada, concentrada nalguma coisa, até que revelo o meu fascínio: 'que música é esta que está a dar?', e a forma como fico frustrada quando a resposta normalmente começa por 'é uma colectânea...' ou 'é uma banda sonora...'. A forma como, em tudo, consegues fazer-me ficar calada, de expectativa, para depois me desiludires com a resposta.
se me perguntasses se queria estar contigo agora, eu diria não. porque deixaste passar muito tempo. como se te tivesses esquecido de uma panela cheia de esparguete ao lume.

13 fevereiro 2012

joão portugal

permanecerás eternamente vivo em todos nós

12 fevereiro 2012

Todos os homens da minha vida, em alguma circunstância, me disseram que eu pensava demais. Não sei se os meus actos lhes pareciam artificiais ou se era simplesmente uma forma de me dizerem que a minha inteligência os incomodava. A mim incomoda.
Olha querido, eu não consegui. Estou às gargalhadas porque não consegui. E são umas gargalhadas meramente nervosas. Eu sou assim: rio quando não devo, saio de casa quando não devo, ligo quando não devo, preocupo-me quando não devo e decido dormir mais uma hora quando não devo. Por isso, querido, arranja outra.
Se alguém que já tomou mais de três refeiçoes comigo me perguntar se quero café é porque nao gosta de mim. Nao estou a falar de amor, nem de homens. Estou a falar de gostar. Eu acredito que a atenção é a forma mais genuína de gostar. Se alguém compra Nutella (faz bolo de chocolate, encharcada ou morangos com mascarpone..) porque eu vou lá a casa, gosta de mim. E será oportuno neste momento dizer que nao existem frigorífico e armários tao perfeitos como os de um italiano. Se alguém - que pode - me vai buscar ao aeroporto num Golf mesmo que isso implique deixar o Cayenne na garagem, gosta de mim. Se alguém me for comprar um kilo de morangos, de ananás, de melância,.. antes de me visitar, gosta de mim. Se alguém me perguntar se quero café - vou dar o desconto - depois de tomar cinco refeiçoes comigo - com excepçao para o meu treinador que faz disso piada - é porque nao gosta de mim. Eu acredito - mesmo - que a atençao é a forma mais genuína de gostar.

05 fevereiro 2012

perhaps

não gosto de sentir o coração aos saltos, quer de ansiedade, quer de arrependimento. não gosto que me digam que não. não gosto de noites que começam às seis da manhã, nem do primeiro barulho de cidade na rua. não gosto de perder um sonho durante a noite. não gosto de voltar atrás em relação a permitir-me mais uma vez na tua cama.

barbara beatriz bruna

Beatriz se calhar é uma mulher como eu, que anda constantemente num fio de arame muito frágil. (Eu sei que estou sempre a falar em arames de equilibrista, mas adoro esta metáfora.) Beatriz abre sempre as persianas ao máximo, escreve textos na varanda, numa perfeita solidão. Ela pensa em mil e uma coisas, imagina reencontros com pessoas que já não fazem sentido e que passaram, literalmente, à história, pensa nas pessoas que vivem nos apartamentos do prédio em frente, e queria muito que tudo fosse mais fácil. Beatriz desilude-se com as pessoas que não são verdadeiramente cheias, que trocam o difícil pelo cómodo. Beatriz queria poder ensinar-lhes isso. Mas não é capaz. É uma tarefa bem impossível.

escadas

tenho vontade de subir dois lanços de escadas e contar um por um todos os degraus, saborear a brancura das paredes e desprezar o elevador. apetece-me ter um punhado de amigos à porta para um jantar indiano take away, uns incensos na sala e no quarto, e um final de noite abraçada ao meu primeiro amor. quero uma luz muito amarela suspensa de um candeeiro metálico, e uma televisão que repete as minhas séries preferidas.

zuca

o tempo separa as pessoas mais ainda do que o espaço

ler

a primeira vez que te vi, pareceste-me tão diferente daquilo que eu tinha imaginado. foi tipo ler o livro, e depois ver o filme.